Filho
de pais católicos, Allan Kardec foi
criado no Protestantismo, mas não
abraçou nenhuma dessas religiões,
preferindo situar-se na posição de
livre pensador e homem de análise.
Compungia-lhe a rigidez do dogma que
o afastava das concepções religiosas.
O excessivo simbolismo das teologias
e ortodoxias, tornava-o incompatível
com os princípios da fé cega.
Situado
nessa posição, em face de uma vida
intelectual absorvente, foi o homem
de ponderação, de caráter ilibado
e de saber profundo, despertado para
o exame das manifestações das chamadas
mesas girantes. A esse tempo o mundo
estava voltado, em sua curiosidade,
para os inúmeros fatos psíquicos que,
por toda a parte, se registravam e
que, pouco depois, culminaram no advento
da altamente consoladora doutrina
que recebeu o nome de Espiritismo,
tendo como seu codificador, o educador
emérito e imortal de Lyon.
O
Espiritismo não era, entretanto, criação
do homem e sim uma revelação divina
à Humanidade para a defesa dos postulados
legados pelo Rabi da Galiléia, numa
quadra em que o materialismo avassalador
conquistava as mais brilhantes inteligências
e os cérebros proeminentes da Europa
e das Américas.
A
codificação da Doutrina Espírita colocou
Kardec na galeria dos grandes missionários
e benfeitores da Humanidade. A sua
obra é um acontecimento tão extraordinário
como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu
os direitos do homem dentro da sociedade,
aquela instituiu os liames do homem
com o universo, deu-lhe as chaves
dos mistérios que assoberbavam os
homens, dentre eles o problema da
chamada morte, os quais até então
não haviam sido equacionados pelas
religiões. A missão do mestre, como
havia sido prognosticada pelo Espírito
de Verdade, era de escolhos e perigos,
pois ela não seria apenas de codificar,
mas principalmente de abalar e transformar
a Humanidade. A missão foi-lhe tão
árdua que, em nota de 1o. de janeiro
de 1867, Kardec referia-se as ingratidões
de amigos, a ódios de inimigos, a
injúrias e a calúnias de elementos
fanatizados. Entretanto, ele jamais
esmoreceu diante da tarefa.
O
seu pseudônimo, Allan Kardec, tem
a seguinte origem: Uma noite, o Espírito
que se autodenominava Z, deu-lhe,
por um médium, uma comunicação toda
pessoal, na qual lhe dizia, entre
outras coisas, tê-lo conhecido em
uma precedente existência, quando,
ao tempo dos Druidas, viviam juntos
nas Gálias. Ele se chamava, então,
Allan Kardec, e, como a amizade que
lhe havia votado só fazia aumentar,
prometia-lhe esse Espírito secundá-lo
na tarefa muito importante a que ele
era chamado, e que facilmente levaria
a termo. No momento de publicar o
Livro dos Espíritos, o autor ficou
muito embaraçado em resolver como
o assinaria, se com o seu nome -Denizard-Hippolyte-Léon
Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo
o seu nome muito conhecido do mundo
científico, em virtude dos seus trabalhos
anteriores, e podendo originar uma
confusão, talvez mesmo prejudicar
o êxito do empreendimento, ele adotou
o alvitre de o assinar com o nome
de Allan Kardec, pseudônimo que adotou
definitivamente.
Livros que escreveu :
O
Livro dos Espíritos (1857)
O que é o Espiritismo (1959)
O Livro dos Médiuns (1861)
O Evangelho Segundo o Espiritismo
(1864)
O Céu e o Inferno (1865) A Gênese
(1868)
Obras Póstumas (1890)
Em
1º de Janeiro de 1858 o missionário
lionês publicou o primeiro número
da Revista Espírita, que serviu como
poderoso auxiliar para o desenvolvimento
de seus trabalhos, trabalho que desenvolveu
sem interrupção por 12 anos, até sua
morte. Deve figurar na sua relação
de obras, não só por ter estado sob
sua direção até 1869, como também
porque as suas páginas expressam o
pensamento e a ação do Codificador
do Espiritismo.
Em
1º de abril de 1858, Allan Kardec
fundou a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas - SPEE, que tinha por objetivo
o estudo de todos os fenômenos relativos
às manifestações espíritas e suas
aplicações às ciências morais, físicas,
históricas e psicológicas.
De
1855 a 1869, Allan Kardec consagrou
sua existência ao Espiritismo. Sob
a assistência dos Espíritos Superiores,
representando o Espírito de Verdade,
estabeleceu a Doutrina Espírita e
trouxe aos homens o Consolador Prometido.
O
Codificador desencarnou em Paris,
no dia 31 de março de 1869, aos 65
anos de idade. Em seu tumulo está
escrito : "Nascer, Morrer, Renascer
ainda e Progredir sem cessar, tal
é a Lei. "
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